

Associação entre imigração e criminalidade é um erro
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Pedro Delgado Alves acusou hoje o Governo de politizar o discurso sobre as ações de fiscalização que estão a ser feitas pelas forças de segurança no combate à imigração ilegal e considerou ser um erro a associação entre imigração e criminalidade.
Durante a audição da ministra da Administração Interna no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025, Pedro Delgado Alves mencionou a operação realizada na semana passada pelo Sistema de Segurança Interna com a intervenção de várias forças e serviços de segurança, cujo foco, de acordo com a intervenção inicial da governante, foi “a criminalidade violenta, tráfico de droga, fiscalização de atividades económicas, imigração ilegal e tráfico de seres humanos”.
A este caso surgiu “associada a fiscalização da presença irregular em território nacional de cidadãos estrangeiros”, comentou o socialista, que defendeu ser “um erro claro a associação entre migrações e criminalidade”.
Para comprovar a sua tese, Pedro Delgado Alves informou que resultaram desta operação “cinco detenções por condução sob efeito de álcool, seis sem carta de condução, duas por tráfico de estupefacientes, uma para violência doméstica, 14 na execução de mandados de detenção e uma por resistência e coação”. Quanto à verificação de cidadãos estrangeiros em situação irregular, das 100 pessoas que foram objeto de diligências, apenas uma estava em situação irregular.
O vice-presidente da bancada do PS criticou depois o Governo por “reiteradas vezes repetir a ideia de um país em que a imigração está descontrolada”. E avisou que este “aparato operacional” pode “contribuir ainda mais para uma perceção de insegurança” no país.
Pedro Delgado Alves insistiu que, “em democracia, estas ações normalmente não são politizadas pelos representantes no Parlamento, nem são anunciadas pelos membros do Governo como uma mudança de paradigma”.
O dirigente socialista referiu mesmo que, muitas vezes, “são estas pessoas que estão irregularmente em território nacional elas próprias vítimas da prática de crimes”, como o tráfico de seres humanos. Por isso, era “fundamental que esta confusão não se fizesse”, vincou.