

Igualdade de género está na linha da frente das democracias
A deputada do PS Edite Estrela disse esta segunda-feira, em Estrasburgo, que “a democracia está em decadência quando exclui as mulheres e marginaliza as suas vozes”, e considerou Donald Trump o “maior perigo” para a democracia, os direitos das mulheres e a paz.
Edite Estrela, que discursava no painel “O papel das mulheres na democracia: o impacto de género do retrocesso democrático”, organizado por Malta, que detém a presidência do Conselho de Ministros do Conselho da Europa, defendeu que “sem democracia, as mulheres perdem direitos”. Assim, “quanto mais robusta é uma democracia, maior será a igualdade de género”, apontou.
Recordando que, antes da Revolução dos Cravos em 1974, as mulheres portuguesas não podiam ter um emprego sem a permissão do marido, não podiam sair do país sem essa mesma permissão e que o divórcio era proibido, a presidente da delegação portuguesa à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) sustentou que “a democracia não se trata apenas de eleições e instituições, trata-se de quem é ouvido, quem é visto e quem detém o poder”.
A socialista deu o exemplo dos Estados Unidos da América (EUA) de Donald Trump: “Não há liberdade, não há democracia, não há Estado de direito, não há respeito pelos direitos humanos; há medo, perseguição, incerteza”.
“Donald Trump é o maior perigo para a democracia, para os direitos das mulheres e para a paz em todo o mundo”, criticou.
“Banir palavras é um ataque direto à democracia”
Lamentando que o Presidente dos EUA tenha banido palavras, como “aborto, discriminação, feminismo, género e mulheres”, Edite Estrela avisou que este ato “é um ataque direto à democracia”.
A deputada do PS sublinhou que a misoginia existe há muitos séculos e “os talibãs e outros ditadores” são os casos mais óbvios, mas Donald Trump usou o discurso da misoginia “na sua luta política contra Hillary Clinton e Kamala Harris”.
“O discurso de ódio continua a ser o principal recurso para intimidar e silenciar as mulheres sempre que estas emergem do anonimato e ganham visibilidade. A misoginia é usada no discurso político e amplificada nas redes sociais, onde insultos e ameaças contra mulheres abundam”, vincou.
Edite Estrela defendeu, claramente, que “a igualdade de género não é uma questão secundária – é a linha da frente da democracia”.
No final desta iniciativa, deu-se a inauguração de uma exposição sobre as mulheres diplomatas portuguesas, apresentada pelo embaixador de Portugal junto do Conselho da Europa, António Alves Machado.