

Coesão: Elisa Ferreira apela a que se olhe para o território como um todo
A antiga comissária europeia Elisa Ferreira defendeu que Lisboa, enquanto capital, está a falhar o seu papel de “potenciar toda a tecnologia, desenvolvimento dos grandes centros financeiros e tecnológicos sobre o resto do país” e explicou que a má qualidade de vida leva as pessoas a votar “contra o sistema”.
Num painel sobre Economia, Infraestruturas e Desenvolvimento do Território no segundo dia das jornadas parlamentares do PS, Elisa Ferreira indicou que a região Norte do país, onde se inclui o Tâmega e Sousa, é a mais “dinâmica, mas continua a ser a região mais pobre”.
“E, entretanto, Lisboa está a ficar afogada e a perder gás”, comentou a socialista, que ligou o desequilíbrio do país ao “excesso de concentração de população em Lisboa, que está a levar a capital a não poder desempenhar o papel de arrastamento sobre o país de uma zona tecnológica inovadora”.
“Lisboa está a ficar afogada e a perder gás”
De acordo com Elisa Ferreira, a “ascensão nas carreiras obriga as pessoas a ir para Lisboa”, onde não conseguem suportar o custo de vida e, “a seguir, votam contra o sistema, porque há uma desilusão e uma frustração de pessoas que são formadas”.
Defendendo a necessidade de se “fazer uma intervenção nacional pensando no território todo e não pelos olhos de Lisboa”, a antiga comissária europeia para a Coesão e Reformas sustentou que existem regiões na Europa que estão numa “armadilha de desenvolvimento”, estando “estagnadas”, o que está relacionado com a saída de jovens qualificados.
Num registo mais informal, Elisa Ferreira avisou que se os políticos não pensarem Portugal enquanto um território e não se preocuparem com “o que cada território pode dar à riqueza coletiva”, o país não sairá “da cepa torta”.
Frisando que a política de coesão é um assunto nacional, a socialista sublinhou que também é preciso que esta “política de coesão não seja uma habituação, seja uma ambição”, e lamentou que Portugal, Itália e Espanha se tenham transformado “numa espécie de hábito”.
Câmaras municipais têm de saltar fora do seu espaço
Elisa Ferreira defendeu ainda que a evolução do número de municípios em Portugal é uma questão que deve ser abordada. Enquanto Portugal rejeita as regiões, estas “existem na quase totalidade dos países europeus”.
E assegurou que tem de se pedir um “esforço adicional” às câmaras municipais portuguesas para “saltarem fora do seu espaço de responsabilidade e do seu espaço eleitoral e conseguirem apostar, em conjunto, em dimensões mais elevadas, supramunicipais”.