
GPPS quer ouvir Banco de Portugal, banca e consumidores sobre aumento das taxas de juro
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista requereu hoje as audições do Banco de Portugal, da Associação Portuguesa de Bancos e da Associação de Defesa do Consumidor na Comissão de Orçamento e Finanças sobre o impacto do aumento das taxas de juro.
Para os socialistas, “só com um diagnóstico rigoroso poderão ser equacionadas as soluções mais adequadas para responder às necessidades efetivas das famílias portuguesas no âmbito do crédito à habitação”.
No requerimento, dirigido à Comissão de Orçamento e Finanças, a bancada do PS lembra que, “depois de um período prolongado de taxas de juro Euribor negativas, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu, em julho deste ano, aumentar as taxas de juro”.
Ora, “esta decisão foi tomada num contexto de inflação alta, que o BCE procura mitigar através do aumento das taxas de juro, estratégia que deverá manter-se nos próximos tempos”, sublinham os deputados no documento.
A decisão do BCE “traduz-se inevitavelmente num aumento dos encargos de grande parte das famílias com crédito à habitação, já que a maioria dos créditos está indexada à Euribor, o que suscita a preocupação do Grupo Parlamentar do PS”, pode ler-se no requerimento.
Os parlamentares do Partido Socialista citam depois dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, que informam que existiam no final de 2021 cerca de 1,43 milhões de contratos de crédito à habitação, o que corresponde a um saldo em dívida de 101,3 mil milhões de euros.
“O risco de incumprimento no crédito bancário, e em particular no crédito bancário, coloca questões delicadas não só do ponto de vista do bem-estar das famílias e do acesso à habitação, mas também do ponto de vista da estabilidade e da resiliência do setor bancário”, frisam os socialistas, que referem que “os indicadores disponíveis, de acordo com o Banco de Portugal, não apontam para já para um cenário gravoso, mas é fundamental que este tema seja acompanhado com grande proximidade e com o maior detalhe possível, não só do ponto de vista da banca, mas também numa perspetiva mais ampla, que permita aferir devidamente a capacidade financeira das famílias”.