Desporto a crescer e novos desafios!
O Instituto Português do Desporto e Juventude divulgou recentemente os dados da atividade desportiva de 2023, o que permite analisar a recuperação do impacto pandémico e, de forma mais ampla, a evolução na última década. Diria ainda que se trata de uma análise indispensável para a inadiável revisão da Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto (2007) e para a elaboração de futuros planos estratégicos.
Portugal conta com 773 845 praticantes federados, a que se somam os milhares de praticantes de federações não detentoras de utilidade pública desportiva ou de competições não oficiais. Um número histórico que, além de representar mais cem mil face ao último ano pré-pandémico, expressa um aumento de 42,3% em relação a 2014.
Em dez anos, doze federações mais que duplicaram o número de praticantes e catorze federações têm menos de mil. O futebol, incluindo o futsal e o futebol de praia, mantém o seu peso praticamente intacto (27,8% do total em 2023).
O número de atletas femininas cresceu 72,2% e passou a representar 31,5% do total, sendo que treze federações contam com mais de cinco mil. O alto rendimento aumentou 78,9%, liderado pela patinagem. São 923 atletas, sendo que metade tem menos de vinte anos e 35,1% são mulheres.
Os praticantes federados encontram-se inscritos em 11 361 clubes, mais 906 do que em 2014. As crianças e jovens até ao escalão júnior aumentaram 40,2%, os seniores 12,6% e os veteranos 188,2%. O número de pessoas com deficiência no desporto federado cresceu 71,2%.
O país desportivo conta atualmente com 26 044 treinadores, um aumento de 45,5%. O número de treinadoras cresceu 50%. Por outro lado, o setor registou uma diminuição de 20,2% no número de dirigentes. O futebol perdeu cerca de 9500 dirigentes, apesar de ter mais clubes inscritos. O número de mulheres dirigentes aumentou 39,7%. O total de árbitros é de 18 108, refletindo um aumento de 35,6%, com o número de árbitras a crescer 70%.
Mais praticantes, treinadores, árbitros e clubes. Menos dirigentes. Maior representatividade feminina. São “fotografias” rápidas que aconselham uma análise mais aprofundada em várias frentes e que evidenciam o inquestionável crescimento do setor e o seu incalculável contributo para a promoção da saúde, o combate às desigualdades e a projeção internacional do país. O mérito é, acima de tudo, dos atletas, treinadores, árbitros, clubes, dirigentes, federações e comités, mas também se deve a determinadas políticas públicas, incluindo ao nível local, que se revelaram eficazes.
Fonte: João Paulo Correia, Jornal de Notícias, 9 de novembro de 2024