
Carlos César reafirma que as relações com o Presidente da República são boas
O líder parlamentar do PS, Carlos César, reafirmou sexta-feira, nos Açores, que as relações entre o Governo e o Presidente da República são boas e que é importante preservá-las, considerando que houve um exagero mediático face a uma “pequena dissonância” que foi manchete de um jornal enfatizada pela comunicação social.
Carlos César arrefeceu assim a especulação em torno do entendimento sobre a comunicação do Presidente da República ao país na sequência dos incêndios deste mês, afirmando que pessoalmente não sentiu choque com a declaração e considerando que também não houve deslealdade da parte do chefe de Estado.
“Eu creio que não existiu nada disso. Evidentemente que pode haver um entendimento deste ou daquele membro de que o Presidente da República poderia ter feito, na sua alocução, qualquer outro tipo de observação, ou dado uma menor ênfase a este ou àquele aspeto”, afirmou o líder da bancada do PS em resposta aos jornalistas antes de um jantar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e agricultores dos Açores, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.
Para Carlos César, “o Presidente da República estava envolvido no desgosto e na emoção que todos os portugueses sentiam, como o Governo também”, tendo cada um agido “segundo as suas funções e no desempenho das suas competências próprias”, considerando natural que “o Governo estivesse mais concentrado naquilo que materialmente era possível fazer” e que “o Presidente da República estivesse mais concentrado na afetividade e no apoio moral que era preciso dar aos portugueses numa circunstância tão difícil”.
O Presidente do PS entende que o tema das relações entre Governo e Presidente ganhou uma dimensão mediática exagerada: “É evidente que, quando existe uma pequena dissonância, ou quando os órgãos de comunicação social dão conta disso, sendo ou não verdade, tendo ou não essa intensidade, há sempre um exagero à volta destes temas, há sempre uma forma de dar uma ênfase que eles não têm”.
Questionado se também partilhava do alegado choque com o discurso do Presidente da República ao país, Carlos César disse ter muitas emoções, mas não ter sentido esse choque, “nem numa circunstância, nem noutra”.
“Partilho também o choque daqueles que, sim, estão consternados com tudo o que se passou no nosso país”, acrescentou, sublinhando que agora o que é preciso “é que haja aqui um choque de atividade, um choque de ação” para responder às consequências dos incêndios.
Sobre as relações entre Governo e Presidente da República, Carlos César reiterou que “são relações boas”, ainda que existam “sensibilidades sobre este ou aquele tema em que os órgãos de soberania possam divergir”, e que é importante preservá-las.
No entender do líder parlamentar do PS, o executivo apresenta “bons resultados, bons indicadores económicos, bons indicadores sociais resultantes da sua atividade”, e o Presidente da República “tem ajudado o Governo a ser melhor, e que tem ajudado os portugueses a compreender as instituições políticas”, com a sua “atividade pedagógica”.
“Este valor da cooperação entre o Presidente da República e o Governo é muito importante para a nossa vida política e para o sucesso que o nosso país tem de ter. E eu sinto que quer o senhor Presidente da República quer o senhor primeiro-ministro conjugam dessa necessidade e apercebem-se de que essa colaboração é essencial”, afirmou.