

PS critica onda de instabilidade que varreu todo o universo da Global Media
A vice-presidente da bancada do PS Rosário Gambôa alertou hoje que, sem sustentabilidade, a comunicação social não tem independência, e criticou a “gestão arbitrária danosa” que pode levar ao despedimento de 200 trabalhadores da Global Media.
A socialista frisou, durante o debate de urgência requerido pelo PAN sobre a situação dos trabalhadores da Global Media, que, “de setembro a dezembro, um furacão de prepotência e gestão arbitrária danosa varreu o universo da Global Media, fustigando de forma particularmente violenta marcas prestigiadas e identitárias da comunicação social portuguesa, como a TSF, o JN, o DN, o Jogo, o Dinheiro Vivo”.
Rosário Gambôa recordou que “o CEO do grupo tinha anunciado em setembro que iria implementar o mais grandioso projeto de media com milhões de euros, mas em 6 de outubro comunicou que iria negociar com caráter de urgência a rescisão de 150 a 200 trabalhadores, avançando para uma reestruturação ‘necessária’, a seu ver, para evitar a falência do grupo”.
Ora, “com a mesma justificação, o salário de dezembro e o subsídio de Natal não foram pagos a 550 trabalhadores do grupo”, apontou a socialista.
Salientando que, em outubro, “o Partido Socialista, preocupado com os acontecimentos recentes e com a falta de idoneidade de um fundo desconhecido – dominante nesse grupo –, manifestou publicamente a sua preocupação instigando a ERC a agir”, Rosário Gambôa assegurou que “a ERC está a fazer o seu trabalho”.
Infelizmente, este processo atrasou-se devido a “puro tacticismo do PSD”, obrigando o novo conselho regulador da ERC a tomar posse só em 11 de novembro de 2023, lamentou.
“Sucederam-se greves, manifestações, participações à ERC e, entretanto, o CEO preferia comunicados com declarações públicas ruinosas pondo em causa a viabilidade dos títulos do grupo, a sua credibilidade e valor com falsidades, suspeições, antevisões catastróficas”, criticou a socialista.
Com alguma ironia, a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS mencionou que, “no contexto de contenção, o CEO ainda decidiu recrutar para o grupo mais 35 pessoas com impacto salarial de 2,3 milhões anuais”.
Assim, Rosário Gambôa deixou uma “pergunta simples” no hemiciclo: “Porque é que um fundo internacional, que diz ter milhões, compra um grupo de media português com dívidas para, de seguida, o desmantelar, descredibilizar, destruir inclusivamente o valor de mercado daquilo que comprou?”.
Alertando que o “compromisso de responsabilidade chega a todos”, a socialista defendeu que “é tempo de os partidos apresentarem propostas”.
Para o Partido Socialista, “face à nova realidade no campo mediático, é importante alterar o quadro legislativo, atualizá-lo e densificar os mecanismos de regulação implicando outros reguladores e outras entidades nesse trabalho de fundo”, disse.
No final da sua intervenção, Rosário Gambôa deixou uma certeza: “Também importa a sustentabilidade da comunicação social. Sem sustentabilidade não há independência”.