

Governo quer vender 100% da TAP e, ao mesmo tempo, ficar com ela
O deputado do PS Frederico Francisco apontou contradições ao Governo e ao PSD sobre a privatização da TAP, uma vez que querem defender a companhia aérea enquanto ativo estratégico para o país, mas, se pudessem, cediam a totalidade da posição do Estado.
Durante o debate de urgência, requerido pelo Chega, sobre a privatização da TAP, depois de ontem o Governo ter anunciado a privatização de 49,9% da companhia aérea, Frederico Francisco comentou que quando se parte para “este debate já se sabe que a direita se junta para acusar os governos do PS de terem enterrado, como dizem, 3.200 milhões de euros a resgatar a TAP”.
“Objetivo do Governo continua a ser a privatização total da TAP”
Dirigindo-se a estas bancadas, o socialista explicou: “A TAP foi resgatada pelo Estado, em primeiro lugar, porque tem um papel insubstituível na economia do país. A TAP é responsável, todos os anos, por um valor de exportações que é superior ao valor do resgate. A TAP é hoje a principal transportadora aérea entre a Europa e o Brasil, com o hub em Lisboa”.
“Se o PSD e o Governo, e já agora o Chega, concordam e destacam a toda a hora a importância estratégica da TAP, eu digo que deviam estar aqui a aplaudir a coragem que o Governo do PS teve em salvar a companhia”, afirmou.
Frederico Francisco recordou que o resgate da TAP aconteceu durante a pandemia de Covid-19 “e num momento em que o seu acionista privado se mostrou indisponível para cumprir a sua parte na capitalização da empresa”. Se não tivesse havido a coragem de resgatar a TAP, “não haveria sequer dinheiro dos contribuintes para tentar recuperar”, sustentou.
TAP voltou a dar lucro
O deputado do PS sublinhou que “hoje temos uma TAP capitalizada, novamente rentável, que está a dar lucro e que mantém a sua atividade económica em Portugal”.
Apesar das declarações de ontem do primeiro-ministro, que reconheceu a importância da companhia para o país, “ficou claro, desde a conferência de imprensa e depois da entrevista do ministro das Infraestruturas à RTP, que o objetivo do Governo continua a ser a privatização total da TAP”, assinalou o socialista.
“Esta é a contradição fundamental da posição do Governo e da AD: o Governo quer defender a TAP enquanto ativo estratégico e indispensável para o país, mas, se pudesse, cedia a totalidade da posição do Estado e com ela qualquer possibilidade de influenciar as decisões da empresa, ou sequer de garantir que ela continua a existir como companhia autónoma”, denunciou.
Frederico Francisco acrescentou que o Governo “quer vender 100% da TAP e quer ficar com ela”. “Nós sabemos que isso é impossível, é por isso que continuaremos a defender as decisões que tomámos quando éramos Governo”, garantiu.
“Comissão Europeia não aprovou a mais recente candidatura a fundos europeus para a linha de alta velocidade de Porto-Lisboa”
O deputado socialista comentou ainda a “sorte” que o Governo da AD teve: “Graças à TAP, a notícia de ontem de que a Comissão Europeia não aprovou a mais recente candidatura a fundos europeus para a linha de alta velocidade de Porto-Lisboa passou despercebida”.