

Migrações: Governo tem de distinguir os partidos aliados da democracia e recusar o ódio
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Pedro Delgado Alves lamentou hoje que o Governo não consiga perceber “quem são os aliados da democracia” quando se fala de imigração e alertou para o contágio da desinformação.
Pedro Delgado Alves começou a sua intervenção no debate sobre o Pacto Europeu para as Migrações e Asilo a criticar o ministro da Presidência por não ter recusado a “polarização” no debate e não ter tentado identificar quais são os partidos que “partilham de objetivos, valores e de prioridades no que diz respeito ao bom acolhimento dos migrantes na nossa sociedade”.
O socialista aconselhou mesmo o governante a não equivaler “quem usa o ódio e tenta anatemizar o outro – o estrangeiro, aquele que é diferente” – aos que “apenas têm posições políticas públicas diferentes das suas”.
“Não basta repetir várias vezes ‘sou moderado’ para se tornar, por artes mágicas, num moderado”
“Exijo que respeite quem tem políticas públicas que querem acolher migrantes e que não seja pintado pela repetição exaustiva um pouco infantil da palavra ‘extremista’, como se dizê-lo várias vezes concretizasse o sonho de ver o PSD sentado no centro como único partido capaz de traduzir moderação”, atacou.
Continuando a dirigir-se a António Leitão Amaro, Pedro Delgado Alves vincou que não é por repetir várias vezes a palavra “moderado” que se torna, “por artes mágicas, num moderado”.
“Este mesmo Governo que tenta apresentar-se e repetir até à exaustão que é moderado é o mesmo Governo que é suportado por um partido [PSD] que, nesta câmara, apresentou um projeto de lei em matéria de acesso ao SNS assente em pressupostos falsos e com o intuito de anatemizar aqueles que são migrantes”, lamentou.
Desinformação envenena o debate
O vice-presidente da bancada do PS comentou, em seguida, que muitos cidadãos portugueses têm “perceções que lhes são alimentadas pelos próprios decisores políticos quando usam expressões como ‘portas escancaradas’”, o que gera “o primeiro envenenamento deste debate, que é o debate contaminado pela desinformação”.
O Partido Socialista procura “ter respostas quer para os migrantes, quer para os portugueses em matérias como a habitação, o acesso à educação, à saúde, aos serviços públicos, a proteção laboral”, frisou.
Pedro Delgado Alves defendeu depois que “matérias como reagrupamento familiar deviam ser absolutamente prioritárias na forma de construir agregados familiares, de integrar no mercado de trabalho, nas escolas, no tecido da comunidade estes residentes; o ensino da língua, a formação profissional, o envolvimento de todos – do patronato e dos sindicatos –, tudo isto tem de fazer parte de uma estratégia”.
No final da sua intervenção, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS referiu que o Executivo tem de ter “capacidade de resistir e de fazer frente ao discurso de ódio; e não é seguramente com falsas equivalências e não percebendo quem são os aliados da democracia neste debate que o atual Governo da República conseguirá levar a bom porto estas políticas”.