

PS chama ministro da Agricultura à AR para explicar cortes brutais na reprogramação da PEPAC
Luís Graça informou hoje que o Grupo Parlamentar do PS decidiu chamar ao Parlamento, com caráter de urgência, o ministro da Agricultura para explicar os cortes brutais na reprogramação do Plano Estratégico da PAC (PEPAC) e acusou o Governo de estar a “hipotecar o futuro da agricultura em Portugal”.
O vice-presidente da bancada socialista criticou, em declarações à comunicação social, a forma como o PEPAC – que o Governo português apresentou em Bruxelas há poucas semanas – foi feito.
Mencionando o que tem sido dito pelas associações do setor, Luís Graça frisou que se trata de um “documento unilateral, isto é, não houve um processo negocial”. “Foi um documento feito pelo Governo e colocado para a votação final”, explicou.
O socialista comentou que se gerou, pela primeira vez, “um amplo consenso em todas as associações do setor agrícola e florestal, que não deram o seu voto favorável à proposta do Governo”. “Nunca houve um consenso tão grande contra a proposta de reprogramação da PEPAC quanto aquele que aconteceu no passado mês”, reforçou.
Luís Graça lamentou que esta proposta represente “um corte brutal no investimento e na modernização da agricultura portuguesa, represente um corte brutal na floresta e represente, por fim, um corte brutal do apoio aos pequenos e médios agricultores, à prevenção das catástrofes e ao próprio apoio ao associativismo”.
“Nunca houve um consenso tão grande contra a proposta de reprogramação da PEPAC”
“No investimento, esta proposta corta 200 milhões de euros de apoio ao investimento na agricultura portuguesa”, sublinhou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, defendendo que é o “caminho errado”, porque se não se apoiar a agricultura, “estamos a hipotecar o futuro e estamos a cortar as pernas aos agricultores portugueses”.
Já nas florestas, o Governo “corta mais de 40% dos apoios da PEPAC”, denunciou. Entre os apoios cortados estão os da plantação de espécies autóctones e os mosaicos florestais, algo que o socialista considerou ser de enorme “gravidade”, já que estes últimos “são uma peça fundamental para impedir os incêndios”.
“Esta é uma má política do Governo da AD e, desde logo, mostra uma grande incoerência”, criticou. E explicou o motivo: “O ministro da Agricultura levou meses a protestar pelo facto de o Governo do Partido Socialista anterior ter colocado as florestas debaixo da alçada do Ministério do Ambiente. Pois bem, a primeira decisão que o ministro da Agricultura e das Florestas do Governo da AD toma é cortar as verbas para apoiar o desenvolvimento da floresta em Portugal”.
Declarações do ministro da Agricultura são profundamente falsas
Luís Graça mostrou-se também preocupado com as declarações de hoje do ministro da Agricultura sobre o consumo de vinho, que teve a “ideia peregrina de que há uma maior longevidade em quem bebe tinto verde”.
“Nós temos um problema grave no setor do vinho em Portugal”, avisou o socialista, que defendeu que “não ajudamos o setor do vinho em Portugal com declarações que não têm nenhuma base científica e que são negacionistas até”, não credibilizando “um órgão de soberania como é o Governo”.
Para o vice-presidente da bancada do PS, “se queremos ajudar o setor do vinho em Portugal, temos de buscar consenso e apoio junto da academia para que os portugueses e os consumidores na Europa tenham hábitos de consumo de vinho moderado, sem medo da sua saúde”.
“Acho lamentáveis as declarações que o senhor ministro fez por serem profundamente falsas”, disse.