

PS critica contradição do PSD sobre venda do banco
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS João Paulo Correia apontou hoje, no Parlamento, a contradição do PSD por admitir agora o Novo Banco na esfera pública, recomendando aos sociais democratas que não percam a memória sobre a responsabilidade pelos custos do banco.
“O PSD nas últimas 24 horas mudou a agulha sobre o que defendeu nos últimos anos: sempre defendeu que a venda foi a melhor solução”, afirmou João Paulo Correia, que disse ter ficado “surpreendido” com a posição manifestada ontem por Rui Rio e reiterada hoje pelo deputado Duarte Pacheco numa declaração política na Assembleia da República.
O deputado do PS disse ter encontrado dois projetos de resolução do PCP e Bloco de Esquerda que, em 2017, “propunham exatamente a manutenção do Novo banco na esfera pública e o PSD e o CDS votaram contra”.
“Esse debate foi feito na altura própria”, afirmou, lembrando que foi em 2017 que “o Governo e o Estado português estavam obrigados a vender o Novo Banco” e “o que estava em cima da mesa era liquidar ou vender o Novo Banco”.
“Liquidar o Novo Banco tinha custos brutais para as finanças públicas e para os contribuintes”, apontou o deputado, que explicou que isso implicaria “o aumento de juros da dívida pública na casa das centenas de milhões de euros” e um “novo universo de lesados a indemnizar”.
“A venda só decorreu em 2017 porque alguém falhou a venda do banco em 2015. Quem criou o Novo Banco prometeu um banco bom e falhou”, criticou João Paulo Correia, questionando “quem falhou?”. ” Há dois nomes e dois responsáveis: Pedro Passos Coelho e Carlos Costa. O PSD que não perca a memória e tenha dignidade neste debate”, disse.
Venda do Novo banco salvaguardou o interesse público
Por sua vez, também a deputada socialista Joana Sá Pereira reiterou que, “em 2017, havia duas opções muito claras, ou se vendia o Novo Banco, ou se liquidava o Novo Banco”.
A parlamentar assinalou que a “maior conclusão” da auditoria do Tribunal de Contas foi que “a venda deste Novo Banco salvaguardou o interesse público em duas perspetivas, por um lado, ter evitado a liquidação do banco e, por outro, ter contribuído para a redução do risco sistémico”.
“A alternativa era a liquidação, que tinha custos brutais para as finanças públicas”, apontou a deputada do PS, lembrando que o processo de venda do Novo Banco foi liderado pelo Banco de Portugal “com dois responsáveis muito claros, o Governador Carlos Costa e o consultor Sérgio Monteiro”.
“E foi o Dr. Sérgio Monteiro, que foi Secretário de Estado do Governo PSD/CDS, que esteve nesta comissão de inquérito há poucas semanas e deixou claro que a venda defendeu o interesse público”, recordou.
Joana Sá Pereira salientou depois que “a doença do BES passou para o Novo Banco”. “O PSD e o CDS prometeram um banco bom e hoje sabemos que o Novo Banco enfrentou dificuldades de liquidez e de capital desde os primeiros dias de vida”, afirmou.
A parlamentar lembrou ainda que “foi o Governo PSD/CDS que prometeu vender o banco em 2015”, tendo-se percebido já nas audições da comissão de inquérito que “essa venda falhou por causa da desconfiança dos interessados sobre esta carteira de ativos que hoje chamamos mecanismo de capital contingente”.
“Por isso, nós sabemos hoje que esta doença podia e devia ter sido evitada. Essa responsabilidade não é nossa”, asseverou.