O Grupo Parlamentar do Partido Socialista entregou ontem ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma o requerimento das 14 personalidades que quer ouvir no arranque dos trabalhos, entre elas Nuno Rebelo de Sousa e a atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

Ana Paula Martins é convocada na qualidade de antiga presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), do qual faz parte o Hospital de Santa Maria, onde as crianças luso-brasileiras foram observadas.

Os socialistas chamaram Nuno Rebelo de Sousa, ex-presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde, e a ex-secretária pessoal do gabinete do secretário de Estado, Carla Silva.

Da lista que o PS entregou constam os nomes de Daniel Ferro, ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, da médica Teresa Moreno, que acompanhou as gémeas, de António Levy Gomes, coordenador da unidade de Neuropediatria do CHULN, e de Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do mesmo Centro Hospitalar.

Os deputados João Paulo Correia, Ana Abrunhosa, Jorge Botelho, André Rijo, Isabel Moreira e Miguel Costa Matos querem ouvir ainda a diretora do Departamento de Pediatria do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, o técnico de auditoria interna responsável pela elaboração do relatório sobre o processo de tratamento das gémeas, o fisioterapeuta das crianças em Portugal, o presidente do INFARMED, e a presidente do Instituto dos Registos e Notariado.

O Grupo Parlamentar do PS requereu o depoimento por escrito de John Bach, médico norte-americano especialista em reabilitação respiratória.

O PS pediu também uma lista de documentação inicial que considera útil para o apuramento dos factos, como os relatórios da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e de auditoria do CHULN.

Os socialistas querem igualmente ter acesso à correspondência trocada entre a Presidência da República e Nuno Rebelo de Sousa, o CHULN e o gabinete do antigo primeiro-ministro, António Costa, e as informações trocadas entre a mãe das gémeas e o Hospital Dona Estefânia e o CHULN.

É pedida ainda a correspondência trocada entre o gabinete do ex-primeiro-ministro e o Ministério da Saúde.

Em causa está o tratamento com o medicamento Zolgensma, em 2020, de duas gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa. O fármaco tem um custo total de dois milhões de euros e tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal.