O deputado do PS José Carlos Barbosa criticou hoje o Governo por prometer “borlas” nas viagens de comboio, mas não aumentar a oferta, e assegurou que o Passe Ferroviário Verde rapidamente se transformará num “Passe Negro”.

Frisando que, “para o PS, qualquer medida que traga mais pessoas para a ferrovia e aumente o rendimento disponível das famílias é uma boa medida”, José Carlos Barbosa recordou, no debate agendado pelo Livre sobre o passe ferroviário nacional e o investimento na ferrovia, quando o Governo do PS, em 2019, implementou o Programa de Apoio à Redução Tarifária, provando “que a fórmula do PSD — reduzir a oferta, fechar linhas, diminuir o número de comboios e o efetivo das empresas ferroviárias — estava errada”.

Comparando 2023 com o ano de 2015, “o número de passageiros da CP aumentou mais de 50%”, congratulou-se.

O deputado socialista lamentou depois por termos um ministro das Infraestruturas e Habitação “que não estuda nem simula, apenas anuncia”.

E recordou que o mesmo ministro “que, há dias, afirmava que queria uma CP mais pequena para limitar a concorrência ou reduzir a eventual quota de mercado, diminuindo o número de comboios a comprar e, consequentemente, a oferta de lugares disponíveis”, é o mesmo que “agora anuncia uma espécie de borlas em todos os Intercidades, como se a oferta fosse ilimitada, como se a CP tivesse capacidade para aumentar a oferta”.

“Temos um passe que, afinal, não podemos utilizar porque o comboio está cheio”, criticou o socialista, comentando que “o Governo promete borlas, mas não aumenta a oferta”.

Por outro lado, “temos o défice tarifário provocado pela perda de receita”. “Os portugueses certamente se lembram do vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, que usava as redes sociais para criticar o pagamento da dívida histórica da CP”, mencionou.

Ora, “hoje, Miguel Pinto Luz é o ministro que tutela a empresa que tanto criticava e afirma que a CP é uma grande empresa, cheia de grandes profissionais”, ironizou o parlamentar.

José Carlos Barbosa relembrou depois que o ministro da tutela informou que vai “compensar a CP com 19 milhões de euros”. “Mas, ao analisar as contas da CP, percebemos que, em 2023, as receitas do Alfa foram de 42 milhões de euros; nos Intercidades, as receitas foram de 45 milhões; no serviço Regional, 29 milhões; somando as perdas de receita dos Intercidades e Regionais, vemos que os 19 milhões não serão suficientes”, denunciou.

“Além disso, o alargamento do passe aos Intercidades vai canibalizar uma parte da receita de 43 milhões de euros do Alfa e essa não será compensada à CP, porque não pode”, acrescentou.

José Carlos Barbosa concluiu a sua intervenção adivinhando que, “rapidamente, o Passe Verde tornar-se-á num ‘Passe Negro’”.

Governo vai inaugurar obras que o PS iniciou

No encerramento do debate, o deputado Hugo Costa desmontou o discurso do ministro Miguel Pinto Luz, que anunciou que o Governo “está pronto a inaugurar um conjunto de linhas” ferroviárias. Ora, tal “é verdade, porque o Partido Socialista, em 2023, bateu o recorde de investimento em ferrovia, foram mais de 657 milhões de euros”, vincou.

O coordenador dos socialistas na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação alertou igualmente para a necessidade de se “colocar mais material circulante em algumas linhas”, defendendo sempre “medidas de apoio às famílias”.

Hugo Costa asseverou também que o Partido Socialista “confia totalmente nos trabalhadores da CP e nas suas contas”. Mas, para perceber se os dados que o ministro apresentou estão corretos, solicitou ao governante que enviasse essas contas “para assim se perceber se as contas estão bem feitas, ou não, por uma questão de transparência”.